A ClickBus confirmou durante a 2ª edição do Bus Summit, realizada em São Paulo, que planeja duplicar os investimentos em Inteligência Artificial (IA) no próximo ano.
O anúncio, que aconteceu na última quarta-feira (26), segue um aporte de R$ 15 milhões realizado durante 2025 para a construção de uma infraestrutura tecnológica própria, movimento que indica a transição da empresa para uma plataforma de ‘ultrapersonalização’.
A estratégia tem como objetivo substituir o modelo de busca fragmentada por uma experiência fluida, em que a tecnologia compreende as particularidades do transporte brasileiro.
De acordo com Phillip Klien, CEO da ClickBus, a decisão de criar a solução internamente é o que possibilitará resolver problemas específicos dos passageiros.
‘Escolhemos o caminho mais longo e complexo, de desenvolver nossa própria tecnologia. Aproveitamos o que Gemini, ChatGPT e Anthropic oferecem, mas tendo algo específico para o transporte rodoviário no Brasil’, declarou Klien.
O núcleo da operação: Buzz Brain
César Augusto de Carvalho, diretor de dados e IA da ClickBus, explica que o sistema funciona como um grande ‘guarda-chuva’ para integrar mais de 60 modelos de IA e aproximadamente 50 multiagentes especializados.
A principal diferença, segundo o diretor, está na curadoria e na segurança da informação, evitando a dependência direta de modelos genéricos públicos.
‘O fator de sucesso para nossa IA tem sido a escolha de criar nossa própria tecnologia com versões integradas para extrair o melhor de cada uma com respostas diferentes e com interação dos clientes, além de uma curadoria e mecânica totalmente especializada para o setor rodoviário’, detalha.
Na prática, essa estrutura permite interações complexas no B2C (consumidor final). César destaca a atuação de agentes distintos: o concierge, focado na busca e comercialização da passagem, e o assistente, que opera no pós-venda.
‘Depois de comprar uma passagem, você pode interagir com o assistente perguntando o que precisa levar, qual documento é necessário ou, por exemplo: ‘Tenho um animal de estimação, posso levar?’. Ele fornece todas as recomendações do que você pode ou não fazer e como isso funciona para cada empresa, já que existem especialidades e regras diferentes’, explica o diretor.
Inteligência para as empresas de ônibus
Além da interface com o passageiro, a nova tecnologia visa digitalizar as empresas parceiras. César adiantou o uso do ClickBus Insights, uma ferramenta incorporada ao sistema para fornecer inteligência de dados às empresas de ônibus (B2B).
‘É parte do movimento off to on. A inteligência se comunica com essas duas partes. No B2B, ela está menos transparente hoje para as empresas, mas já opera dentro da ClickBus para fornecer insights de negócio’, afirma.
Além disso, ele reforça que a ferramenta ajuda a traduzir um ‘mar aberto de dados’ em estratégias para um setor que possui nichos muito específicos num país de dimensões continentais.
Divisão financeira e Renovação
Além da tecnologia avançada, o evento destacou a atuação da ClickBus como fintech para sustentar a renovação de frotas, um gargalo histórico do setor. Elbert Leonardo, vice-presidente comercial, revelou que a empresa realizou mais de 390 operações financeiras no último ano.
‘Mais do que vender passagens, a ClickBus é sua parceira fintech. Temos um produto para oferecer para vocês que é usar nosso caixa para melhorar a operação das empresas, não só para financiar o fluxo de caixa, mas também para financiar inclusive renovação de frota’, disse.
Visão de futuro: de ferramenta a ‘nova espécie’
O evento também contou com a presença de Neil Redding. O futurista destacou que ferramentas genéricas falham sem o contexto operacional das empresas, com exemplos de viagens com menores para explicar que, frequentemente, a resposta depende da política de uma empresa específica, algo que uma IA aberta não sabe.
‘O ChatGPT não sabe disso se você não informar qual é sua política. O essencial para obter o máximo valor dessas ferramentas de IA é o que você fornece a elas’, explicou.
Para o futurista, o mercado está saindo do estágio de ‘prompt’, em que a IA espera passivamente por uma ordem, para o estágio de ‘participação’, onde a tecnologia atua como uma espécie simbionte dentro das empresas.
Para uma plateia de lideranças do setor e profissionais do ecossistema de viagens de ônibus, Redding argumentou que o modelo de negócios tradicional, projetado para funcionar como uma máquina previsível e de controle centralizado, tornou-se obsoleto diante da volatilidade atual. A resposta para a sobrevivência, segundo ele, está na biologia e na descentralização.
‘A natureza prospera por meio da participação. Não há controle centralizado, mas isso permite ecossistemas bonitos, dinâmicos e resilientes que evoluem em tempo real’, afirmou Redding, sugerindo que as empresas devem buscar esse mesmo tipo de simbiose com a IA.
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