A Europol, agência de inteligência da União Europeia, está investigando como jogos online podem ser utilizados por cibercriminosos para manipular crianças e adolescentes a cometerem atos violentos.
Em entrevista ao Politico, a diretora-executiva da organização, Catherine De Bolle, demonstrou preocupação com a possibilidade de menores serem instrumentalizados por grupos criminosos. Segundo ela, as crianças estão se tornando ‘peões’, sendo influenciadas negativamente a realizar ações como tortura e assassinato.
‘A instrumentalização de crianças por grupos de crime organizado é o que está acontecendo neste momento em solo europeu. Eles [cibercriminosos] manipulam as crianças para que elas torturem e matem. Não se trata mais de pequenos furtos. Trata-se de crimes graves. Em um dos piores casos, acompanhamos um menino que recebeu ordens para matar a irmã mais nova, o que de fato aconteceu. É cruel. Nunca vimos nada parecido’, alertou Catherine De Bolle.
De Bolle afirma que esse ‘recrutamento’ ocorre justamente em plataformas de jogos online, algo que vem sendo analisado de perto pela Europol. Recentemente, por exemplo, a agência derrubou mais de 6 mil links com conteúdos extremistas que estavam escondidos em jogos na web.
Perigo nos jogos online
A análise da Europol descobriu que tudo começa quando os cibercriminosos entram em chats online de jogos multiplayer para ‘conversar’ com crianças. Inicialmente, eles usam temas inocentes, como animais de estimação e família, para criar um vínculo com os menores de idade.
Uma vez estabelecido o contato, a conversa, que era pública, migra para um chat privado, e é nesse momento que as crianças são manipuladas pelos criminosos a compartilhar informações pessoais, como o nome dos familiares e até o endereço onde vivem. Assim, eles conseguem chantagear os pequenos a cometer atos violentos contra os outros ou contra si próprios.
O resultado disso é alarmante: segundo dados da Europol, pelo menos 105 casos do tipo foram registrados, sendo que 10 deles envolviam ‘assassinatos por encomenda’ realizados por crianças. Geralmente, para conseguir esses ‘serviços’, os criminosos ofereciam dinheiro (até US$ 20 mil) em troca, embora nem todas as crianças manipuladas tenham recebido a quantia.
A agência identificou ainda que, caso uma criança não conseguisse cometer o ato criminoso, ela era chantageada e aterrorizada para que pagasse a dívida.
‘[Os criminosos] matam o animal de estimação da criança, por exemplo, para que ela saiba muito bem: ‘Sabemos onde você mora, sabemos quem você é, você vai obedecer e, caso contrário, iremos ainda mais longe e mataremos sua mãe ou seu pai”, explicou a diretora-executiva da Europol.
O ponto de atenção para De Bolle é que ‘nenhuma criança está a salvo’, já que criminosos seguem incrementando táticas para ampliar suas atividades ilegais e violentas, usando plataformas de games para manipular menores de idade do jeito que quiserem.
Fonte: Gamespot
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