A inteligência artificial não deve mais ser vista apenas como uma ferramenta de automação de software, mas sim como uma ‘nova espécie’ que exige interação ativa para criar valor real para os negócios. A análise é do futurista Neil Redding, uma das principais vozes globais sobre inovação, que esteve em São Paulo esta semana para o Bus Summit 2025, evento de tecnologia direcionado ao setor de transporte rodoviário organizado pela ClickBus.
Para uma plateia de executivos, Redding explicou que a barreira para a eficiência na próxima década está em uma competência específica: ‘dominar os comandos de prompt’.
Redding utilizou sua própria reestruturação profissional, como ‘near futurist’, para ilustrar a mudança de paradigma no mercado de trabalho. O especialista contou que abandonou estruturas tradicionais de assessoria pessoal e passou a gerenciar sua rotina e demandas complexas operando simultaneamente seis plataformas diferentes de inteligência artificial.
Segundo ele, o mercado já superou a fase inicial de fascínio com a IA e agora entra no estágio de ‘participação’, onde a qualidade da resposta da máquina depende diretamente da qualidade do contexto fornecido pelo ser humano.
Durante a palestra, o analista abordou o receio corporativo de que a IA se torne incontrolável ou produza resultados distópicos.
Para explicar a dinâmica necessária, Redding usou uma analogia com a parentalidade, ao comentar que assim como o distanciamento dos filhos pode gerar comportamentos imprevisíveis, o isolamento dos sistemas de IA em relação aos problemas reais das empresas cria ‘alucinações’ e erros.
A recomendação do especialista é manter ‘linhas de comunicação abertas’, tratando os algoritmos como parceiros de pensamento que precisam ser alimentados constantemente com dados proprietários e nuances do negócio para funcionarem com precisão.
O diagnóstico de Redding serviu como pano de fundo para o movimento estratégico apresentado pela anfitriã do evento. Alinhada à tese de que a interface do futuro será conversacional, a ClickBus anunciou a transição de seu modelo de marketplace para uma ‘camada de IA do rodoviário’.
A empresa relatou um investimento superior a R$ 15 milhões em 2025 para desenvolver uma arquitetura proprietária, treinada com um banco de dados de mais de 85 milhões de passagens vendidas, visando adaptar os grandes modelos de linguagem (LLMs) às particularidades do transporte brasileiro.
A convergência entre a visão do futurista e a aplicação prática da indústria aponta para o fim das interfaces baseadas apenas em cliques.
A nova infraestrutura busca permitir que consumidores usem linguagem natural para resolver questões complexas, como documentação para crianças ou transporte de animais, em tempo real.
O objetivo é transformar a busca por passagens em um diálogo fluido, em que a tecnologia atua como um agente resolutivo, materializando a ‘participação’ defendida por Redding como o novo padrão de interação digital.
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